Primeiro capítulo do Folhetim Mariposa já está circulando na revista Norte

   A revista Norte, publicada pela Arquipélago Editorial, publicou em seu terceiro número, o primeiro capítulo do folhetim Mariposa – Uma puta história. O folhetim é uma história que mescla ficção e realidade escrita por um grupo de profissionais do sexo. O projeto, coordenado pela Alice, conta com a parceria do Núcleo de Estudos da Prostituição (NEP). A publicação, que é bimestral, seguirá apresentando os próximos capítulos que, reunidos, formarão uma novela.

   Na apresentação do projeto as autoras – Ana Rita Xavier Lima, Elaine Leandro Xavier. Janete Oliveira da Silva, Preta, Raquel Martins Pereira e Rosângela Maria Moraes dos Santos – escreveram o seguinte:

   Até o fim

   No início era apenas curiosidade. Uma oportunidade de saber como é ser artista, como é escrever. A gente vê as novelas e fica pensando: como eles inventam tudo isso? Foi uma surpresa ver que não era tão difícil assim. Mesmo quem não sabe escrever, podia escrever falando, pensando junto com as outras. Tínhamos que criar uma história com começo, meio e fim e muitas personagens. Uma delas tinha que ser a principal. Então inventamos a Fran. Cada uma emprestou um pouco da sua vida, das suas características. Hoje, a cada reunião, esperamos ansiosas pelo próximo capítulo da vida dela, como se não fosse a gente mesma que tivesse feito.

   Para quem ler, vai ser um livro surpresa. Não tem graça dizer aqui como será a história da Fran. Tem que ler. O leitor vai entrar em um mundo que é misterioso para a maioria das pessoas. Homens e mulheres costumam ter fantasias com prostitutas. Algumas mulheres imaginam como seria ter esta experiência. Os homens… bom, os homens imaginam tudo.

   Achamos que os homens vão pensar que um livro escrito por prostitutas deve ser pornô. E vão comprar por isso. Mas os tarados de plantão ficarão decepcionados. As mulheres talvez sintam ciúme do livro ou leiam escondidas do marido. Nosso conselho é: leiam junto com os maridos. Quem sabe não pode ser uma forma de apimentar o casamento.

   Seja como for, os dois vão descobrir coisas novas e ficarão sabendo que não é verdade que prostituta não vale nada e não tem vergonha de nada. Podem até se sentirem mais calmos quando souberem que têm muita gente com fantasias iguais as deles. Que eles não são anormais nem sujos. Existem outros iguais. Quem sabe até o “senhor” e a “senhora” aprendam coisas interessantes sobre sexo, solidão e carência.

   Enquanto estamos criando a história, pensamos: será que vamos ajudar o nosso leitor imaginário? Será que ele tem vergonha do que é? Será que as “senhoras decentes” vão dizer “ai que horror”? Mas uma coisa não temos dúvida: quem começar a ler a história da Fran vai até o fim.

Rolar para cima